Estações de tratamento de efluentes ( ETEs ) muitas vezes significam um problema dentro das indústrias tamanha a complexidade das operações, custos envolvidos e importância para o meio ambiente. Usuários costumam dizer que se trata de uma empresa dentro de outra, onde todos os detalhes precisam ser estudados.
As estações de tratamento de efluentes biológicas, especialmente, param nunca. Repletas de etapas, equipamentos e insumos, as ETEs demandam, de fato, grande planejamento e atenção operacional para não apenas minimizar os custos, mas para garantir desempenhos de performance minimamente satisfatórios para atendimento a nebulosa legislação ambiental brasileira.
O consumo de insumos químicos e energético chama a atenção. Por isso, a notória a busca por equipamentos e sistemas que privilegiam o baixo consumo desses. Esse tema é tão recorrente, que dezenas de companhias estudam a opção de equipamentos que impactam positivamente nos custos operacionais (OPEX) e nem tanto no chamado investimento inicial (CAPEX). O mesmo se aplica a questão da manutenção. Equipamentos com baixo índice, mesmo que signifiquem uma aquisição maior, estão sendo escolhidos.
A PETROM – Petroquímica Mogi das Cruzes, empresa do ramo petroquímico na produção de anidrido ftálico e plastificantes – tem dentro de suas instalações, uma complexa planta de tratamento de efluentes industriais com altíssimo grau de desempenho que possibilita inclusive o reuso de 100% do volume tratado nas torres de resfriamento da fábrica. “A ETE tem capacidade de tratar 240m³/ dia e sua eficiência está em 99,6% na remoção da carga orgânica”, explica o supervisor de produção da empresa, Crispim D. Baptista Neto.
Para atingir esse patamar de performance, a empresa optou por um sofisticado processo de tratamento conhecido como MBR (Membrane Bio Reactor). Esse tipo de sistema utiliza membranas de filtração em substituição aos decantadores secundários, muito usual em plantas de lodos ativados. O efluente passa pelo processo físico-químico, equalização e sistema de lodos ativados, finalizando com o MBR e o reuso total em torres de resfriamento. “O sistema de aeração não precisou de manutenção ou substituição de peças. Tivemos apenas uma revisão dos sopradores como forma preventiva. Todos os difusores que utilizamos apresentam ótimo desempenho na distribuição e formação de bolhas, sendo totalmente confiável e efetivo”, finaliza o supervisor.
Em razão das plantas de tratamento com MBR demandarem quantidades significativas de oxigênio para a correta operação do sistema, é imprescindível a escolha adequada do sistema de aeração e sopradores de ar. “No projeto da PETROM optamos pelo fornecimento de um sistema de aeração com difusores tubulares (bolhas finas) implantado através de módulos fabricados totalmente em aço inoxidável justamente para a menor manutenção e performance máxima. O equipamento está em operação há mais de cinco anos e nunca teve qualquer componente trocado” afirma Rogério Ribeiro, analista de qualidade da B&F Dias, empresa fornecedora do equipamento.
Infelizmente nosso mercado ainda toma decisões de compra muito pautado nos preços ofertados, e não exatamente em performance e operação a longo prazo. “Temos plantas na indústria têxtil e de alimentos que realizaram a primeira manutenção após 13 anos de operação. A escolha dos materiais, tipo do difusor e correto dimensionamento são determinantes sob a ótica dos custos de operação”, complementa Ribeiro.
Mesmo em plantas municipais com efluentes menos severos, nota-se uma mudança positiva na escolha das tecnologias. É o caso da SANASA – Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A. Além de já ter uma estação de tratamento de efluente com MBR e reuso (ETE Capivari II), a empresa tem uma planta (ETE Capivari I) em operação desde 2009 com tecnologia MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor). Esta estação é constituída de um tratamento biológico, com nível terciário (desinfecção) e conta com a capacidade para remoção de nitrogênio, precedido de um tratamento preliminar. No que se refere ao tratamento da fase sólida, a estação trabalha com a digestão do lodo no próprio reator UASB e posterior desidratação mecânica através da centrífuga.
Mesmo com sete anos de operação, não ocorreu qualquer manutenção no sistema de aeração implantado com difusores tipo bolha grossa que apresentam desempenho superior aos padrões exigidos. “O sistema de aeração fornecido cumpre seu papel de fornecimento de oxigênio dissolvido, com índices acima do mínimo requerido, e também de agitação do meio suporte. Com isso, o sistema mostra-se confiável quanto aos difusores, visto que o entupimento deste, e consequentemente a sua manutenção, causaria a interrupção do tratamento”, explica a engenharia de operações ETE Capivari I.
Rogério Ribeiro complementa que a escolha de um sistema de ar difuso para utilização em MBBRs deve ser criteriosamente estudada para garantir a correta transferência de oxigênio, agitação das mídias e manutenção. “Na ETE Capivari o dimensionamento do sistema foi criteriosamente estudado pela engenharia da empresa não apenas por se tratar de uma das maiores estações do país com a tecnologia MBBR, mas foi uma das primeiras do país com a tecnologia.”